sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Na TV Globo, Marina mostra abatimento, e duelo PT x PSDB volta a polarizar o debate

                                                                    Aécio Neves e Dilma Rousseff

Nesse confronto, a polarização PT e PSDB, tão criticada por Marina Silva na construção da sua candidatura, voltou a dominar o cenário. Na maior parte do debate, Dilma e Aécio confrontaram números e iniciativas para defender o legado dos governos petista e tucano, dominantes desde a eleição de 1994. Eles repetiram, assim, o roteiro das últimas eleições. A presidenta citava números sobre emprego, renda, benefícios sociais e criticava os antecessores pela situação precária dos bancos públicos e por curvarem o país diante do FMI. 
O tucano citava o espólio de FHC, a quem teceu elogios, e prometia aperfeiçoar os projetos bem-sucedidos dos adversários. Em certo momento, disse não ter problemas em reconhecer os acertos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que praticamente não figurou na fala da petista. Eles passaram longos minutos a debater a paternidade do Bolsa Família.
Nos momentos mais tensos, Aécio citou as investigações na Petrobras, e Dilma, como em outros debates (e outras eleições), tentava associar os tucanos à pecha de privatistas. O senador defendeu as privatizações de setores estratégicos e disse que o sistema de telecomunicações e a Embraer estariam piores hoje se estivessem nas mãos do PT. Dilma retrucou: ela relembrou a declaração do ex-diretor do Banco do Brasil, Ricardo Sergio Oliveira, segundo quem o governo tucano atuava “no limite da irresponsabilidade” durante as privatizações. A declaração fora interceptada em 1998, quando ele debatia com o ex-ministro Luis Carlos Mendonça de Barros a participação dos fundos de pensão na compra da Telebrás. A estratégia conteve o ataque tucano, mas o caso era antigo (e cifrado) demais mais arrebanhar votos a essa altura do campeonato.
O tucano voltou às farpas com a rival ao citar a saída da Petrobras do ex-diretor da companhia Paulo Roberto Costa, preso e investigado no esquema de propina da Operação Lava Jato. Ele disse que Dilma mentia quando afirmava ter demitido o dirigente. Argumentava que o ex-diretor era quem havia pedido afastamento do cargo após as investigações. O bate-boca ficou se estendeu noite afora, sem chegar exatamente a algum lugar.
Aparentemente mais confiante do que em outros confrontos, Aécio centrou sua fala em Minas Gerais, onde chegou a figurar em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, e fez referências ao avô, Tancredo Neves, em sua despedida. Também falou mais, dessa vez, sobre sua experiência como governador.
Em um dos poucos confrontos diretos com o tucano, Marina o acusou de se unir ao PT para atingi-la. “O primeiro mensalão aconteceu em seu partido quando votou a emenda da reeleição”, disse ela. Aécio respondeu que um “mensalão” havia sido investigado e levado os dirigentes à prisão. O outro não resultou em acusação. O “mensalão” tucano, esquema de distribuição de recursos públicos denunciado pelo Ministério Público Federal para irrigar a campanha à reeleição de Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo de Minas, não foi explorado.
Como parte de sua estratégia na reta final de campanha, Marina anunciou uma proposta para garantir o pagamento de um 13º do Bolsa Família, para “os usuários terem o que comer na ceia de Natal”. Ela foi acusada, ao longo da campanha, de colocar em risco o programa de transferência de renda. A candidata elevou o tom contra a presidenta e a acusou de omissão diante das suspeitas na Petrobras. Dilma lembrou que, quando Marina era ministra do Meio Ambiente, um diretor do Ibama foi afastado por desvio de dinheiro. “Nem por isso eu saio dizendo que a senhora estava ciente do que acontecia.”
Nervosa, Marina mais de uma vez deu emendou o discurso quando o som de seu microfone já havia sido cortado por ter extrapolado o tempo de resposta.
O debate teve também um embate tenso entre o tucano e a candidata do PSOL, Luciana Genro. Ela voltou a dizer que PT e PSDB eram o “sujo falando do mal lavado”. Aécio a chamou de leviana e disse que ela não tinha preparo para governar o Brasil.
Genro chegou a provocar a presidenta Dilma sobre temas incômodos, como a questão do aborto e a taxação de grandes fortunas. A petista desconversou. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário