domingo, 18 de janeiro de 2015

Morre menina de 12 anos que teve transplante de medula adiado em Natal

 Fernanda Xavier da Silva, de 12 anos, tornou-se mais uma criança potiguar que, embora tenha conseguido encontrar um doador de medula óssea compatível, não resistiu à leucemia. O transplante de medula óssea deveria ter sido realizado entre agosto e outubro do ano passado, quando ela estava pronta. Porém, a doadora pediu adiamento para resolver problemas pessoais. 

Em dezembro, quando decidiu fazer a doação, o estado de saúde da menina já havia piorado e o transplante não foi possível. Fernanda morreu no final da noite desta sexta-feira (12) no Hospital Infantil Varela Santiago, em Natal. 

“Embora não fosse mãe dela, eu perdi uma filha”, lamentou Rosali Cortez, de 55 anos, presidente da Hatmo (Humanização e Apoio ao Transplantado de Medula Óssea do Rio Grande do Norte) – associação sem fins lucrativos constituída por pacientes, familiares e profissionais voluntários. 

Os pais da menina moram em Lagoa de Pedras, cidade distante pouco mais de 50 quilômetros da capital. 

Sem recursos para custear um tratamento e nem condições de ir todos os dias a Natal, a família deixou Fernanda aos cuidados da associação. E assim foi por um ano e oito meses. “Adotamos a menina. A Hatmo inteira a acolheu com muito amor”, acrescentou Rosali. 

Ainda de acordo com Rosali, a quimioterapia surtiu o efeito esperado e as células cancerígenas de Fernanda desapareceram. Em julho, recebemos a notícia de que havia uma doadora compatível inscrita no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). No entanto, os efeitos duraram cerca de três meses. De agosto e outubro Fernandinha estava pronta para o transplante, quando a doadora pediu para adiar o procedimento. 

Ela alegou que tinha problemas pessoais para resolver. Então, o organismo da menina voltou a produzir células doentes e a leucemia voltou ainda mais forte. Ela não resistiu. O relógio não para e a doença nunca espera”, contou. Apesar da morte da criança, Rosali disse não estar chateada nem com raiva da doadora que pediu para adiar o transplante de medula. 

“A burocracia no nosso país é muito grande. Se assim que a doadora apareceu o transplante tivesse sido feito, Fernanda certamente estaria viva. Em outubro, já com três meses de espera, ligamos para saber se já estava tudo certo e nada havia sido resolvido ainda. Nem o SUS havia liberado o transplante ainda. Daí os problemas surgiram e a doadora não pode fazer o transplante. Quando deu certo, a Fernandinha já estava muito doente, sem resistência para se submeter ao procedimento. Tudo o que eu pedimos é mais rapidez, mais agilidade. Conseguir um doador não é fácil. E quando aparece um, a burocracia retarda tudo”, criticou. 

Fernanda será velada ao longo de toda a manhã deste sábado (18) no Centro de Velório São José, no bairro do Alecrim, na Zona Leste da cidade. 

À tarde, o corpo segue para a cidade de Lagoa de Pedra, onde será sepultado. A Hatmo atende atualmente 126 crianças e 56 adultos. 

Vinte e cinco pessoas aguardam doação de medula óssea. Destes, 14 já encontraram doadores na própria família, mas ainda não fizeram o transplante. 

As demais, ainda esperam por um doador compatível. Para contato com a Hatmo, ligue (84) 8805-8496. 

Anderson BarbosaDo G1 RN

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